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ENTRADA 9 Relatório Intermédio Conceptualização (25 de fevereiro de 2024)

Introdução

A conceção deste projeto artístico, que explora criar uma instalação de média-arte digital e que utiliza uma piscina como palco para uma vídeo-performance envolvente, tem como primordial objetivo provocar a reflexão sobre as alterações climáticas e a seca. Através desta obra, tentarei envolver o público numa experiência estética e elucidativa que transcenda a mera observação, convidando à participação ativa e à reflexão crítica sobre um dos desafios mais prementes da nossa época: a crise climática. A escolha da piscina como objeto central da instalação não é aleatória. Ela simboliza a abundância e o lazer associados ao uso da água em sociedades que, paradoxalmente, enfrentam crescentes desafios de escassez hídrica. O objetivo é subverter expectativas e confrontar os espetadores com a realidade das alterações climáticas e seus impactos sobre os recursos hídricos num contraste entre o consumo, a gestão sustentável da água e as ações necessárias para mitigar os efeitos das alterações climáticas e, por consequência, o aquecimento global.

Conceptualização

 

1. Aspetos estéticos

Deste o início da criação deste projeto de média-arte digital, embora tenham existido alguns esboços de um artefacto que trabalhasse temas referentes às alterações climáticas (https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo/sugemcoisas), idealizei a base e suporte do mesmo, quase instantaneamente, que me tem acompanhado em todo o processo de criação. Conta com a utilização de uma caixa (paralelepípedo), como suporte físico, e uma televisão, como suporte da videoperformance, como elemento digital (https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo/ideia4). Nesta fase do projeto as ideias já estão mais estáveis e pretendo utilizar o contraste entre a água, ou a ausência dela, numa piscina onde o ambiente simbolizará a escassez de água. É objetivo utilizar um contraste entre tons vibrantes (azul), contrastando com tons áridos e secos (castanhos), enfatizando a diferença entre o que é natural e o artificial. Ao incorporar uma vídeo-performance na instalação, com elementos da videoarte nas circunferências (áreas digitais), que mostrem imagens em movimento carregadas de significados, criará uma experiência imersiva que 

confronta o espetador com as consequências diretas das alterações climáticas (https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo/cada-vez-mais-próximo).

2. Aspetos narrativos

A vídeo-performance pode seguir uma narrativa visual que ilustra a progressão das alterações climáticas e seu impacto sobre a água e ecossistemas. Poderá incluir a representação da intervenção humana na natureza e as suas consequências, ou o inverso, a representação das consequências na natureza pela intervenção humana, levando o espetador a refletir sobre a urgência de ações para mitigar as mudanças climáticas que têm ocorrido atualmente (https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo/17aproximação-esboço). Embora ainda não tenha criado o storyboard  desta componente do projeto, que está nos planos ser um dos próximos passos que engloba a organização das imagens em movimento, em pelo menos 5 ecrãs (5 circunferências), é objetivo que a vídeo-performance se relacione com todo o objeto físico. A narrativa será muito mais sensorial, na sua componente visual, e envolverá também a audição, existindo uma evolução de estados de uma mensagem sobre carregada de significações subjetivas. Incorporar paisagens sonoras que refletem um ambiente, como o som de vento soprando através de um terreno árido, suspiros e gemidos produzidos pelo performer, pode adicionar uma grande camada emocional e intensificadora da mensagem.

 

3. Aspetos técnicos

Para a concretização deste projeto será necessário adquirir vários materiais de baixo custo para a construção do objeto físico. A nível tecnológico, tanto de criação, como de exibição, disponho atualmente de todos os equipamentos, à exceção dos auriculares e de um cabo comprido, equipamento necessário para a exposição no Retiro do DMAD para facilitar a circulação do público à volta do artefacto e possibilitar a interação e a observação de vários ângulos enquanto ouve os sons que acompanham a vídeo-performance (tabela 1). No entanto, ainda não está definido se existirá um suporte que se enquadre no artefacto para os articulares na exposição, ou se apenas estará apenas dissuadido do objeto. 

4. Aspetos relacionais

Julgo que não será necessário a existência de qualquer suporte informativo junto à obra. A forma como o artefacto está a ser estruturado, tanto materialmente, como tecnicamente, tornará a obra bastante intuitiva ao nível da interação dos espetadores. Visualmente, será percetível que existe movimento em constante transformação. Ainda não está claro se irei utilizar referencias textuais no vídeo, mas esta opção só será decidida na elaboração do storyboard ou no processo de pós-produção do vídeo. Com a reprodução em loop do vídeo os espetadores entenderão onde se inicia a narrativa e onde termina. No entanto, não é um requisito ter um início e fim de observação. O espetador vê aquilo que quiser e interpreta como lhe convier. Também, com a existência de uns auriculares o espetador entenderá que existe mais alguma coisa para além do sentido da visão.

Após a partilha do esboço do artefacto com os colegas do DMAD, uma colega chamou à atenção para as texturas do artefacto que não estava a dar muita importância (https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo/feedback-dmad). O seu comentário despertou a minha atenção e trabalharei para que as texturas também tenham relevância na obra e que os espetadores possam ter uma componente sensorial de tato, sem que haja destruição parcial ou total do artefacto.

 

5. Aspetos expositivos

Tendo em conta as advertências do Professor Pedro Veiga em relação às condições técnicas do espaço expositivo, estou a criar uma obra versátil no que diz respeito à sua exibição. Idealmente, gostaria que o artefacto estivesse no meio de uma sala, dando a possibilidade dos espetadores circularem livremente à volta do mesmo. Gostaria que o som da vídeo-performance saísse diretamente do objeto e não pelos auriculares. No entanto, considerando que estaremos em espaço partilhado com outras obras, os auriculares servirão para não criar ruído, prejudicando assim as obras dos colegas, e vice-versa. No entanto, no momento de montagem da exposição, qualquer opção pode ser considerada consoante as condições da sala: com ou sem auriculares.

Devo referir que pela estrutura geométrica do artefacto e os materiais e tecnologia utilizada, a sua disposição no espaço não é obstáculo. As indicações do Professor em relação à exposição foram tomadas com rigor em todas as etapas do método a/r/cográfico e na tomada de decisões. Este poderá encostar-se à parede, estar em cima de uma mesa ou de um plinto. No entanto, só na fase de teste é que será possível definir a preferência expositiva, o que não quer dizer que seja uma condição para o Retiro do DMAD.

 

Conclusão

Este artefacto está a ser concebido como um projeto de consciencialização das interações entre a humanidade e o ambiente natural. Ao engajar os espetadores numa experiência imersiva que transcende o convencional, espero fomentar um profundo senso de responsabilidade, empatia e urgência em relação às alterações climáticas e à crise da escassez de água. Espero que a obra sirva como catalisador para mudanças comportamentais, incentivando práticas mais sustentáveis. É também propósito que a combinação entre a arte e tecnologia inspire outros artistas e criadores a explorar novas formas de comunicar questões críticas nas suas diversas formas de artivismo.

O design visual do artefacto será acessível e convidativo, permitindo que o público diversificado experiencie a obra. Considera-se um requisito fundamental para o sucesso deste artefacto de média-arte digital a facilidade de manutenção e operação da instalação, sem degradação significativa, o que torna o objeto versátil em termos expositivos, podendo ser um bom artefacto candidato a ser exposto noutras galerias e ambientes. 

Referências

Veiga, P. A. (2021). Método e registo: uma proposta de utilização da a/r/cografia e dos diários digitais de bordo para a investigação centrada em criação e prática artística em média-arte digital. Rotura, (2), 16-24. https://doi.org/10.34623/y2yd-0x57

Captura de ecrã 2024-02-25, às 17.02.03.png
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